terça-feira, 24 de maio de 2011

O fantasma da solidão

Acordo de madrugada e não vejo ou ouço ninguém, situação normal para quem decidiu morar só, depois de alguns anos dividindo a casa com bons amigos, dividindo a comida, a bira, as alegrias e tristezas, ás vezes até dividindo alguma mulher. Segue a peregrinação da madrugada, da cama pro sofá, pro computador, pro banheiro, pra tv, pro sofá novamente e nesse fico até amanhecer com o celular despertando debaixo de uma pilha de roupas velhas e sujas.

Na cama a insônia, no sofá o tédio, no computador as palavras escritas mas nunca ditas, sem o bom e velho cara-a-cara. No banheiro uma mijada e alguma fumaça pra manter a mente tranquila. Na tv qualquer coisa que pareça legal mas que não lembrarei pela manhã, quando descobrir que a cama teria sido mais confortável para esperar a chegada de mais um dia.

Uma noite, uma semana, um mês ou até um ou dois anos até que alguém aceite algum convite ou ligue perguntando como anda a vida. Aí ja é tarde! Nesse meio tempo eu não fui convidado para a formatura, fui esquecido naquela hora em que precisava de alguém pra ouvir os problemas. Aí o ombro que um dia foi local seguro no meio da selvageria mundana não é nada além de uma boa lembrança. Com o tempo passa a existir uma estranha formalidade no tratamento. Formalidade que usada quando não se conhece a pessoa com quem conversa. Aí as conversas rumam sempre pro mesmo lado: "Botar a fofoca em dia", "Uma hora a gente se fala", "marcamos alguma coisa qualquer dia"... Cada um tenta convencer o outro das mais absurrdas desculpas pela ausência mútua, todo mundo concorda e vai cada um pro seu canto.

Isso é triste, mas é real. Com o tempo nos tornamos apenas boas lembranças na mente de gente que um dia foi tão importante quanto respirar ou tocar violão em alguma praça.

Alguns casam, têm filhos e emprego. Outros mudam de cidade, de costumes e de amigos. Há ainda aqueles que viram fantasmas invisíveis vagando pelos lugares de sempre, mas sem nenhuma relevância nesses lugares. E é nesse momento que a gente percebe que os amigos de verdade podem ser contados em uma única mão. E desses, poucos dispõem de tempo para cultivar a amizade. Afinal, alguém tem que sobrar.

2 comentários:

Diogo Medeiros disse...

Boa noite.
Cara, curti teu blog e o favoritei. Dá uma olhadinha no meu, ver se curte, e depois diz o que achou:
galohipocrita.blogspot.com
Abraço!

Anônimo disse...

mano seu blog é muito bom minha vida é bem parecida com a sua e seu jeito de ver as coisas pelo q eu pude ler é tbm bem parecido com o meu sorte e continue escrever .